O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) fez uma pesquisa a cerca de três mil e quinhentas pessoas nas ruas, querendo saber o seguinte: "Você acha que mulheres que usam roupas mais curtas, merecem ser estupradas?"
Se você está pensando que a resposta mais usada foi algo como "não, claro que não", se enganou. Pois é, eu realmente fiquei muito chocado com o resultado, que mostrou que 65,1% dos entrevistados responderam que mulheres que usam roupas curtas estariam "provocando" os estupradores e por isso estariam "pedindo" por isso.
O resultado causou polêmica e a jornalista Nana Queiroz se prontificou em expressar sua revolta quando postou uma foto sua sem camisa em frente ao Congresso Nacional, com a frase "não mereço ser estuprada" escrita no corpo.
Este foi o início de uma grande movimentação entre os internautas (homens e mulheres) que se revoltaram com o resultado. Foram inúmeras postagens de mulheres, homens e até crianças com placas com a seguinte mensagem "não mereço ser estuprada" ou "ninguém merece ser estuprado".
“Amanheci de uma noite conturbada. Acreditei na pesquisa do Ipea e experimentei na pele sua fúria. Homens me escreveram ameaçando me estuprar se me encontrassem na rua, mulheres escreveram desejando que eu fosse estuprada”, relatou Nana em sua página na rede social.
A presidente Dilma Rousseff se manifestou sobre a campanha e escreveu em seu twitter, nesta segunda-feira (31), “A jornalista Nana Queiroz se indignou com os dados da pesquisa do Ipea sobre o machismo na nossa sociedade. Por ter se manifestado nas redes contra a cultura de violência contra a mulher, a jornalista foi ameaçada de estupro. Nana Queiroz merece toda a minha solidariedade e respeito”.
Em meio a tanta movimentação apoiando a jornalista, surgiu um outro lado das pessoas que não concordam com o resultado da pesquisa, supondo um erro ou até mesmo uma manipulação dos resultados.
Algumas das pessoas que acreditam na manipulação ou erro, argumenta que se 7% da população masculina acredita que mulheres com roupas curtas merecem ser estupradas, sendo que esta mesma porcentagem não acha que usar roupas mais longas e "comportadas" vá diminuir os ataques, tornando a pesquisa (segundo essas pessoas) um tanto ilógica.
Alguns ainda realçam o fato de que nenhum estuprador estava na pesquisa feita com pessoas que não poderiam saber como é a forma de pensar e escolher as vítimas de um estuprador.
Eu, particularmente, noto com clareza que vivemos em uma sociedade machista, onde muitas pessoas (inclusive mulheres) acreditam que a submissão da mesma é normal, é certo e na verdade não é bem assim que as coisas deveriam funcionar. Mulheres precisam, sim, se valorizar, se vestir como quiserem, pois como algumas das fotos dizia, "não é a roupa que causa o estupro e sim o estuprador". E o mais importante: Mulheres não podem se calar diante de tanta violência, machismo e tantas outras coisas repulsivas que já virou rotina vermos por aí.